domingo, 21 de setembro de 2008

Poema




BELO BELO






Belo belo minha bela


Tenho tudo que não quero


Não tenho nada que quero


Não quero óculos nem tosse


Nem obrigação de voto


Quero quero


Quero a solidão dos píncaros


A água da fonte escondida


A rosa que floresceu


Sobre a escarpa inacessível


A luz da primeira estrela


Piscando no lusco-fusco


Quero quero


Quero dar a volta ao mundo


Só num navio de vela


Quero rever Pernambuco


Quero ver Bagdá e Cusco


Quero quero


Quero o moreno de Estela


Quero a brancura de Elisa


Quero a saliva de Bela


Quero as sardas de Adalgisa


Quero quero tanta coisa


Belo beloMas basta de lero-lero


Vida noves fora zero.




MANUEL BANDEIRAPetrópolis, fevereiro de 1947