sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O Construtivismo

O Construtivismo
Por
Emanuela Fernandes


“O construtivismo é uma teoria do conhecimento que engloba numa só estrutura dois elementos: o sujeito histórico e o objeto cultural, em interação recíproca”. Essa é a definição que mais encontramos por aí. Parece-me que ela consegue, de maneira breve, nos dar a idéia geral do tema. Partindo dela, podemos perceber que o processo de aprendizagem se dá de maneira contínua, onde devemos ter em mente que nada está pronto, mas que tudo é construído a partir das relações do sujeito com o meio fisco e social a qual ele está inserido. E ainda que ultrapassa as fronteiras do universo escolar.
Um sujeito importante nesse processo é o professor, que acredito que poderia ser chamado de orientador ou até meso facilitador. Não temos com ele, portanto, um método, mas uma postura pedagógica. Uma postura porque o professor pode assumir ou desempenhar alguns papéis no processo ensino-aprendizagem propostos pela teoria.
O primeiro papel é o chamado político-construtivista, em que temos um professor político, uma vez que a proposta é de um movimento comprometido com a mudança, com o compromisso social, fruto de sua visão transformista da realidade, na tentativa de formação do sujeito. Sua primordial função, creio eu, é democratizar o saber, tornando-o acessível a todos, independente de sua classe social. E um professor construtivista, com visão integracionista, que irá promover a interação entre aluno e objeto. Todo o seu trabalho deve estar voltado a proporcionar essa relação, pois sem ela nada de significativo acontecerá.
Longe de toda a idéia de que o processo de aprendizagem se dá por uma relação de estímulo-resposta (S-R), essa teoria busca não ser autoritária, não empurrar os conhecimentos “garganta a baixo” ou pensar em simples estimulação, mas sim parte do princípio de que o aluno, que poderíamos chamar de aprendente
[1], constrói seu conhecimento antes, durante e depois da instituição a qual está inserido.
Diferente do que um dia se pensou, essa teoria não é espontaneísta, tampouco deixa o aprendente totalmente livre ou ‘abandonado’, mas somente livre de todo a ‘opressão’, fazendo com que ele seja encorajado a buscar o conhecimento através de atividades desafiadoras que lhe causem desequilíbrio, para que ele possa acomodá-los e assim consolidá-los.
O segundo papel é o do professor-mediador, onde temos aquele que entende a mediação como um elo entre o sujeito e o objeto a conhecer. Mas como funciona essa mediação? É uma mediação embasada no respeito, no não-autoritarismo, não-imposição de conteúdos no formato tipicamente “bancário”
[2], onde o aprendente é apenas ouvinte e depósito de conhecimentos. Essa mediação é, portanto, um catalisador, que promove a reação, acolhendo as experiências do aprendente e colocando ordem nos elementos que ele traz e que deverão ser refletidos por ele.
Fazer com que o sujeito construa seu conhecimento é a função mais nobre e gratificante da profissão de professor. É gratificante ver o sujeito caminhando com ‘suas próprias pernas’, agente e não paciente de sua própria vida.
Se a proposta parece ser a de um processo mais livre, espontâneo e encorajador, onde entra a questão do erro? Talvez cheguemos a pensar que esses erros não são corrigidos, que são deixados de lado ou que tudo é permitido. Nada disso!! A correção existe, mas de maneira diferente, pois o erro já não é encarado como algo terrível ou algo que vai macular o sujeito, mas sim como algo que poderá ser utilizado de maneira proveitosa, a serviço da aprendizagem, já que funciona como sinalizador. Está claro que aprendemos com os erros e que os eles nos ajudam a construir nossos comportamentos; são parte de nossa experiência, como diz Rubem Alves (apud Feitosa, 2008),e imprescindíveis no processo. É assim um trampolim no percurso da aprendizagem e não um obstáculo ou um pecado.
O que me parece interessante na teoria é fato de ela “procurar formar pessoas de espírito inquisitivo, participativo e cooperativo, com mais desembaraço na elaboração do próprio pensamento” (Escola,sd). Tudo isso é conseguido através de uma mediação que provoca o sujeito e o leva o a suas zonas críticas, ajudando-lhe a refletir seu processo de aprendizagem.




Referências Bibliográficas

1- FEITOSA, Aécio. Desenvolvimento cognitivo. Apostila do Curso de
Especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica, 2008.
2- FERNÁNDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artmed,
1991.
3- FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro:
Editora Paz e Terra, 1967.
4- NOVA Escola. O tira-teima do Construtivismo: grandes e pequenas dúvidas
esclarecidas. Revista, sd.




[1] Termo utilizado por Alicia Fernández em seu livro A inteligência Aprisionada.
[2] Termo utilizado por Paulo Freire.