quinta-feira, 30 de julho de 2009

Canguilhem e o Normal e o Patológico

A Heterogeneidade e a Continuidade entre saúde e doença, normal e patológico segundo Canguilhem
por
Emanuela Fernandes

Segundo Canguilhem, houve duas maneiras de se pensar o normal e o patológico, a saúde e a doença. Uma partia do princípio de que havia uma heterogeneidade entre esses conceitos, onde doença e saúde eram duas coisas separadas e independentes. Outra pensava esses conceitos como homogêneos e, portanto davam uma ideia de continuidade; agora o que se tem já não era visão qualitativa; ou se era doente ou são, onde encontraríamos oscilações para mais ou para menos. O ser doente não é um ser anormal, é um ser que vivencia uma doença, é viver uma vida diferente. Com isso ele se refere ao conceito qualitativo, estético e moral. O que se pretende é dominar a doença e isso implica em conhecer suas relações com o estado nrmal que se pode restaurar, já que se ama a vida.

Com Morgagni, temos a decomposição anatômica e isso possibilita uma relação entre normal e patológico; onde os fenômenos patológicos são nada mais que variações quantitativas para mais ou para menos e isso na tentativa de anular o patológico.

Com Comte se busca estabelecer as leis do normal e com Bernard, precisar a identidade numa interpretação quantitativa e numérica. A doença é uma experimentação instituída pela própria natureza em circunstâncias bem determinadas buscando atingir o inacessível.

O conceito de normal e patológico visado anteriormente era um julgamento de valor e não uma realidade, ou seja, doente ou não. Entre eles não há diferença entre quantidades que não podem ser traduzidas apenas em diferenças quantitativas. Não é um simples prolongamento quantitativo variado. Com isso, o objetivo é criticar o positivismo, isto é, a separação corpo/doença. Propõe o conceito de alteração que é vinculada à noção de continuidade, de homogeneidade. Apoiado em Bernard, criticou o conceito de média. Pensando dessa forma, se pergunta pelo ser da doença para poder localizar e agir.

Pensando na heterogeneidade, caímos em uma questão normativa, estabelecida; ou se é doente ou não, criando-se uma norma! Já a homogeneidade, pensada como algo contínuo vai além de quantidades, em que a média é discutida no que diz respeito a ser mediano. A discussão é: existe alguém que se encaixe na média? Está claro que ela existe, mas não deve constituir a norma, mas a norma é que deveria ser pensada a partir dela.


Fortaleza, maio de 2009.